Transformação
Aderson Siebra de Oliveira
Criança, foste pobre em berço rico, a natureza.
Habitaste choupanas e taperas.
Tuas noites, então, eram de trevas, pois que só de sol a luz é que existia ou a da lua que, por vezes, te banhava.
Lá no céu, porém, longínquo já diziam do teu futuro de pompas e de galas os oráculos das estrelas que brilhavam ornando o teu sólio de princesa.
Sangue em tuas veias pouco havia, mas já eras soberana, venerada pela brisa do levante, pelo viço dos teus campos, pela fragrância de tuas flores.
Hoje a luz já te alumia.
Em tuas veias já corre o rubro sangue dos valentes cratenses do passado, neste povo que te honra no presente.
Criança ainda és, no entanto, minha terra.
Alimentam-te as águas dos teus rios, que do seio materno do Araripe brotam, cantando a história dos teus guerreiros bravos.
Hoje és a mais bela.
Tuas gerações vão se fortalecendo e tua glória, no futuro, se aproxima e com ela sonhas repousando a cabeça na serra majestosa.
Vês algumas pétalas, ensanguentadas por crimes, caírem das almas dos teus filhos e outras, numerosas, brotarem belas de virtudes.
Verde, todavia, é tua esperança como é verde o manto que te envolve.
Criança és ainda, em berço esplêndido, ouvindo o canto suave do poeta, sentindo o sopro da brisa vagarosa na dobra dos teus campos.
És grande, és rica, és forte minha terra e, no futuro, serás gigante.
Crato-CE, 15.05.1942
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