José Siebra de Oliveira, sem data
Pareciam abaladas as virtudes do céu e a terra
dissolver-se nos seus elementos.
As gigantescas árvores milenares
retorciam-se e estralejavam na fúria da tempestade que assombrava a floresta
densa e escura.
As águas caiam em cântaros.
A natureza se debatia em estertores
de morte e os raios rasgavam o coração da mata.
Deus festeja assim o nascimento de
um predestinado.
Uma cabana aparece no meio da
confusão ao claro rugido dos relâmpagos.
Ali uma mulher dá a luz a uma
criancinha. Um chão frio servia de cama e uma candeia bruxuleante mostra a
placidez e a candura daquelas faces aflitas. Uma índia velha ao seu lado segura
a sua mão e sustém no colo a criancinha despida.
- Yara, toma para ti este menino e
guarda-o para o destino que Deus traçou. Toma este documento e só a ele o entregue na
sua maturidade.
Um instante... um bruto empurrão
escancara a porta e um homem que tem os olhos faiscando de ira e o rosto
contorcido pelo ódio enfrenta de punhal em punho a pobre mãe indefesa que
brada:
- Deus, a Ti encomendo a minha alma e a vida do meu
filho!
O monstro brada:
- Miserável! Chegou a tua hora. – e ponto os joelhos
no ventre da pobre mulher desfecha-lhe uma terrível punhalada no coração.
A pobre índia em gritos de dor lança-se sobre o
carrasco e outra punhalada atravessa-lhe o peito e ela cai de bruços.
Depois apenas o choro da criança que ficara entre os
dois cadáveres.
A luz da candeia se apaga, a natureza emudeceu e agora
a noite seguia silenciosa.
Vêm os primeiros clarões da autora.
Farejando a amplidão um enorme tigre avança atraído
pelo cheiro de sangue. Aproxima-se da cabana. Encontra a porta aberta. Entra e
vivo apenas vê aquele pequenino a movimentar os bracinhos, e corre veloz para
apanhá-lo nas presas agudas. Já salta sobre a criança e vai apertá-la nos
dentes, mas eis que um tiro ouve-se de dentro da mata e o tigre cai morrendo
sobre aqueles corpos. A bala leal e
certeira vara-lhe a cabeça.
(sem conclusão)