segunda-feira, 22 de junho de 2020

UMA PEDRA PARA O TEMPLO DA PAZ


UMA PEDRA PARA O TEMPLO DA PAZ



            O estridor que profuso sobre as nações se ouve não é mais do que a ressonância de cada coração desajustado.
            A agitação em que remoinham e são dilacerados os povos não é mais do que a explosão de cada indivíduo insatisfeito e angustiado que, como bólide, se deslocou do seu espaço de rotação e da sua linha de translação.
            As guerras e lutas de classes são, finalmente, a projeção, no tempo e no espaço, da incompreensão entre os homens e que estrondeia em cada lar, sacudindo os seus fundamentos e conturbando a sociedade.
            Desajustou-se a humanidade uma vez que, como em explosão atômica, desajustaram-se todos os indivíduos, que perderam a energia de gravitação e de equilíbrio, energia que é o amor real e desinteressado e que leva o homem ao heroísmo pelo bem estar do seu semelhante.
            A humanidade é o conjunto das nações que são, por sua vez, o prolongamento do lar na sociedade.
            Quando cada lar apaga a chama que ilumina e aquece, então o mundo se envolve em trevas.
            Só serão salvas as nações se salvarmos os lares, se salvarmos o indivíduo, matéria prima com que se edificam as nações.

            Meu Deus, em vós creio e espero, vos amo e adoro.
            Por amor de vós amo o meu próximo como a mim mesmo.

            Assimilasse cada homem a substância destas expressões, fazendo-as alma da própria alma, serenariam todas as tempestades do egoísmo, nivelar-se-iam as águas que, em turbilhões, sacodem e abalam a humanidade, ameaçando-a de estarrecedora destruição. Os mares agitados transformar-se-iam em lagos azuis e tranquilos onde os homens, brancos cisnes da paz, nadariam jubilosos, banhados pelas fulgurações do amor, vislumbrando, com fé e esperança, um futuro de perene felicidade.
            A persistência, durante séculos, da pequenina gota d’água, que desliza e cai, vence e destrói a resistência das estalactites das cavernas.
            O amor, firme e constante, dará a paz ao mundo.
            Não foi o gládio que abriu os calabouços e arrancou das galeras os hércules escravizados.
            Não foi a espada que destruiu o Império Romano.
            Foi a força de persuasão e difusiva do amor legado por Cristo que aniquilou o orgulho e a prepotência.
            Não será, igualmente, a energia atômica nem o metralhar dos bombardeiros a jato, nem a força dos militares que destruirão a opressão do capitalismo materialista ou do socialismo ateu.
            O amor unicamente, amor que é caridade, poderá extinguir a angústia dos povos.
            Que cada homem se sinta um filho de Deus nesta terra e ame o semelhante como a si próprio.
            Somente assim a terra se transformará em imensa catedral, coberta pela cúpula azul dos espaços, onde todos viverão por um, como um viverá por todos, unidos em Cristo.

Crato (CE), de outubro de 1964.
J. Siebra

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