Transformação
(versão 2)
Aderson Siebra
Criança pobre, em berço de humildade,
habitaste choupanas e taperas,
Em tua infância só reinava treva,
Porque luz não existia, e
No céu longínquo estrelas cintilavam,
Indicando o teu futuro
Ornados de pompas e de galas.
Sangue em tuas veias pouco havia,
Reinava o perfume em macias pétalas,
No jardim de tuas vestes.
Hoje és rica, a luz já te alumia
E em tuas veias corre o rubro sangue
De valentes que honram teus antepassados,
Mas ainda és criança, minha terra.
Alimentas-te com as águas dos teus rios
que do seio materno brotam do Araripe,
cantando a história dos teus bravos ancestrais.
Cantas a grandeza e a beleza do teu presente,
a sublimidade de tuas gerações,
e com a glória de teu futuro sonhas
repousando com a cabeça na alcantilada cordilheira
verde.
Vês desmaiarem pétalas ensanguentadas de crimes,
de crimes e de vícios
que alguns dos teus- filhos praticaram,
Ao desabrocharem flores da aveludada cor da esperança.
Criança que sempre dormiste em berço esplêndido
Ao canto suave do poeta,
ao sopro da brisa vagarosa,
na dobra da bandeira dos teus campos.
És grande, és rica, és forte minha terra.
Crato, 15 - 5 - de 1942