quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Crato, Minha Terra e Minha Gente!

 


Crato, Minha Terra e Minha Gente!

 

Aderson Siebra de Oliveira (poeta caririense, irmão de José Siebra de Oliveira)

 

            Na madrugada do próximo 21, assistirás a partida de jovens que se incorporarão ao glorioso exército do Brasil.

            Alguns são filhos teus. Outros em ti encontraram abrigo e se desenvolveram.

            Eu sou um dos que levam consigo o teu sangue e no coração o amor filial e ardente a este querido torrão.

            Seguirei o destino que a pátria indicar.

            Humilde, com trabalhos e sacrifícios, vivi entre o teu povo.

            Parto sem ilusões de recompensas ou de glórias, mas para, nos campos de batalha, na velha Europa, defender a integridade nacional.

            Saberei, como todos os meus companheiros, enaltecer o teu nome e reafirmar a bravura e intrepidez dos nossos antepassados.

            Na linha histórica dos teus feitos, continuarás sendo berço de heróis. Podes ficar certo de que, se os inimigos conquistarem as nossas trincheiras, encontrar-nos-ão cadáveres.

            Ver-te-ei, com profunda saudade e os olhos lacrimosos, desapareceres envolvida no lençol verde dos teus campos.

            Dentro do peito arderá, bem viva, entretanto, a chama do amor ao nosso querido Brasil.

            Ignoro se ainda pisarei teu solo sagrado. Deus o sabe.

            Ignoro se ainda poderei algum dia apertar a mão desta gente boa do Cariri.

            De ti me despeço. De ti se despedem todos os meus companheiros, levando, gravadas na alma, em pinceladas de fogo, as imagens sacrossantas de todos os seus entes queridos.

            Na linha de frente, combateremos como combateram os cratenses do passado.

            Se eu não voltar, se algum dos meus companheiros lá tiver o seu fim, contai, para que saibam as gerações do futuro, que do teu seio partiram jovens destemidos, com a vontade firme e inamovível de darem a vida pela defesa da sociedade, da tradição e dos costumes, da crença e da liberdade do povo brasileiro.

            Mães cratenses, enxugai as vossas lágrimas na bandeira sagrada do Brasil e orgulhai-vos por teres oferecido à pátria filhos valentes, cheios de fé em Deus e nos destinos da nacionalidade.

            Não consentiremos que se extinga a nossa democracia, que se menospreze a nossa religião, que se destruam os nossos costumes, que se ultraje a nossa bandeira.

            Não será dor e nem tristeza se o nosso sangue molhar a terra da Europa. Dor e tristeza haverá se for escravizada a nossa pátria.

            Adeus, Crato! Partiremos certos de que iremos lutar e combateremos com a disposição de morrermos se assim tiver de ser, pela defesa de uma pátria livre e cristã. Ignoro se ainda poderei inspirar-me na excelsitude da tua região, na grandeza cívica e moral dos teus filhos, na placidez das tuas noites de plenilúnio, no amor ardente das tuas Iracemas, para escrever os meus versos.

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